Paloma e Alessandra se conheceram há cinco anos e conversavam sobre maternidade já no começo do relacionamento. Elas lutam para que as crianças sejam registradas com duas mães.
“Em um país onde ainda existe tanto preconceito, queremos que nossos filhos percebam que, com amor, podemos mudar tudo”. É assim que Paloma de Mello, de 29 anos, fala sobre a educação que quer ensinar aos dois filhos que tem com Alessandra Siqueira, de 38. As duas se conheceram há seis anos e se casaram dois anos depois. A união ganhou um novo sentido a partir da chegada das crianças: Maria Luísa, de dois anos, e João Gabriel, de apenas oito meses.
A história de amor desta família de Barra do Piraí, no Sul do Rio de Janeiro, é a primeira reportagem da série "Mães reais", que terá uma reportagem especial publicada por dia, a partir desta quarta-feira (8), até o domingo (12), Dia das Mães.
O planejamento inicial era entrar com um pedido de adoção, mas o casal desistiu por causa da burocracia em torno do processo. O método de fertilização escolhido foi o processo de inseminação artificial. Paloma foi a escolhida para gerar os bebês. A primeira tentativa de inseminação não vingou. “Foi frustrante. Depositamos muita expectativa e, quando eu não engravidei, sofremos muito”, lembrou Paloma.
Mas elas não desistiram e o plano deu certo na segunda tentativa. A alegria deu lugar à preocupação. Não foi uma gestação fácil. “Precisei me ausentar do trabalho. Eram idas e vindas ao hospital, em emergência”, lembrou Paloma.
A notícia de que era uma menina chegou no quinto mês de gravidez. O bebê era esperado para agosto de 2016, mas acabou chegando um mês antes, em uma data mais do que especial. Maria Luísa nasceu no dia 21 de julho, exatamente no dia em que Paloma e Alessandra completaram três anos de relacionamento. “Nossa família estava formada, cercada de respeito, união e muito amor”, disse Paloma.
Instinto materno
Era um novo desafio na vida das mamães de primeira viagem. “Eu perguntava para amigas com filhos como trocar fraldas, dar banho, cuidar. Eu nunca tinha tido qualquer contato com recém-nascido e, muitas vezes, me perguntava se eu conseguiria. Quando minha filha nasceu, fui eu quem trocou a primeira fralda, deu o primeiro banho, cuidei do umbigo... O instinto materno falou mais alto e tirei de letra todos os cuidados.” lembrou Alessandra.
Mães pela segunda vez
“Quando decidimos ter um segundo filho, pensamos muito na Malu. Queríamos que ela tivesse um irmão, que ela tivesse essa vivência de amor e companheirismo para a vida”, comentou Alessandra. A segunda gravidez também foi através do processo de inseminação artificial. Desta vez, um menino estava a caminho. A gestação de Paloma foi mais tranquila que da primeira vez.
Luta por reconhecimento na Justiça
O casal ainda luta na Justiça para que Alessandra seja reconhecida como mãe na certidão de nascimento das crianças. “O processo de registro é algo que aguardo com bastante ansiedade. Para mim, é importante que haja esse reconhecimento em cartório, mas isso não me tornará mais ou menos mãe deles”, destacou Alessandra. O pedido de adoção unilateral, que garante às crianças o direito de terem duas mães, já foi aceito. O casal disse que o cartório de registro civil já foi intimado a emitir novos documentos para as crianças.
Independente do processo burocrático, Paloma e Alessandra consideram que o mais importante é que elas vivem como uma família que sempre sonharam. "Eu nunca imaginei sentir um amor tão grande. Não tinha noção da proporção desse amor. Ser mãe é amar, se sentir feliz, ter medo... É querer proteger de tudo e todos", resumiu Alessandra.
Por enquanto, a ideia é parar em duas crianças, mas vai saber o que o destino reserva?
G1