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Escravidão e Religião fatos históricos

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A partir de meados do século XIX, a religião cristã começava a enxergar a escravidão como uma prática cruel, que deveria ser combatida por razões de caridade cristã. A própria princesa Isabel aderiu fervorosamente ao abolicionismo devido à sua religiosidade e dedicação ao catolicismo. Entretanto, nem sempre foi assim. A escravidão, nos séculos anteriores, era aceita e bem vista pelos religiosos, sendo considerada um meio de conversão das almas.

 Os primeiros evangélicos batistas no Brasil possuíam escravos
Os primeiros colonos batistas no Brasil possuíam escravos. Muitos vieram para o Brasil por causa das facilidades e similaridades escravagistas aqui encontradas. Crabtree fora um missionário batista enviado pela Junta Missionária de Richmond (Convenção do Sul). Em 1859 ele escreve à Junta avaliando aquilo que seria, para ele, muito tranquilizador para o envio de missionários americanos para o Brasil:
“o Brasil era como os Estados Unidos, tem escravos e os missionários enviados pela Convenção Batista do Sul não podiam sentir-se constrangidos a combater a escravatura e assim envolver-se na política do país”. Fonte CRABTREE, A.R. História dos Batistas do Brasil até 1906. Rio de Janeiro. Casa Publicadora Batista.1962, p.5
Muitos batistas em Santa Bárbara D’Oeste, em São Paulo, possuíam escravos para os trabalhos domésticos e, também, na lavoura. Rute Mathews, contando a história de Ana Bagby (missionária batista pioneira no Brasil), relata a história da Senhora Ellis, batista, senhora de escravos, e que hospedou os fundadores da Primeira Igreja Batista do Brasil, os missionários W. Bagby, em sua casa nos primeiros meses do casal no Brasil:
“Depois de dormir uma noite na Capital Paulista, os missionários tomaram o trem para Sta. Bárbara, onde chegaram sob forte aguaceiro. Na estação os aguardavam os enviados da Sra. Ellis, com dois cavalos e um escravo, para carregar a bagagem. A estrada até o sítio estava bem lamacenta, mas ao chegar, foram carinhosamente recebidos”. Fonte CRABTREE, A.R. História dos Batistas do Brasil até 1906. Rio de Janeiro. Casa Publicadora Batista.1962, p.5
3 – Evangélicos Ingleses eram proprietários de mais de 2 mil escravizados
O Rev. Boys era um capelão inglês da ilha britânica de Santa Helena, no meio do Atlântico Sul. Em 1819, ele foi obrigado a permanecer por um bom tempo no Rio de Janeiro, por causa de uma enfermidade de sua esposa. Sua carta informa que a cidade do Rio de Janeiro tinha naquela época 300 mil habitantes, 80 mil dos quais eram escravos. Ele continua:
“Aqui temos residindo um embaixador inglês, o sr. Thornton, e aproximadamente 1.500 negociantes ingleses mais os franceses, muitos dos quais sei que favorecem uma sociedade bíblica auxiliar. A maioria deles possui escravos, os quais, naturalmente, eles têm a obrigação de instruir, e não poderiam ser incomodados [por cumprirem essa obrigação]. Daí haver bastante oportunidade para o estabelecimento de uma escola para adultos em casa para o benefício deles próprios… E quanta utilidade isso teria aqui! Pois não devem existir menos de 2 mil escravos, propriedade de negociantes ingleses (eu os estimaria em 3 mil ou 4 mil), inteiramente às ordens de nossos compatriotas”. Fonte: REILY, História documental, p. 49.
Nos séculos XVII e XVIII, por mais paradoxal que pareça nos dias de hoje, a escravidão era vista como uma oportunidade de salvação para os africanos. Por isso, os grandes pregadores e religiosos da época, destacavam sempre a importância de ensinar-lhes a fé católica e os costumes religiosos.
“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente”, dizia o jesuíta João Antônio Andreoni, o Antonil, em 1711.
Em outras palavras, naqueles tempos entendia-se que a economia colonial dependia do sistema escravista, sem ele, seria inviável manter a Colônia. Mas, não se tratava somente de razões econômicas, já que moral, religião e economia se misturavam naqueles tempos.
Outro jesuíta famoso, Antônio Vieira, acreditava o escravo deveria servir bem seu senhor e salvar sua alma. “O que haveis de fazer é (…) dar muitas graças pelo cativeiro que vos trouxe e, sobretudo, aproveitar-vos dele para trocar a liberdade e a felicidade da outra vida, que não passa, como esta”.
Os senhores também tinham suas obrigações nessa sociedade idealizada pela Igreja. O mais importante era fazer dos escravos homens e mulheres cristãos, ensinando-lhes a doutrina, batizando-os, casando-os, nunca obriga-los a trabalhar aos domingos e nos dias santos. Era também preciso discipliná-los, castigando-os como um pai faria com os filhos.
Enfim, a escravidão era considerada necessária e até natural naqueles tempos, e o cativeiro dos negros era aceito como justo. A religião procurava normatizar as relações e evitar os conflitos, apesar de estes nunca deixaram de existir. Um século depois, a violência desta prática – e as mudanças na economia mundial – tornariam o trabalho escravo inaceitável. – Márcia Pinna Raspanti
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Feitor castigando um escravo, obra de Debret: bem longe das relações idealizadas pela Igreja.

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