Canetas emagrecedoras: assim ficaram conhecidos os medicamentos injetáveis originalmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes, mas que vêm sendo utilizados por muitas pessoas com o objetivo de emagrecer. Visando um maior controle sobre esses produtos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou recentemente a exigir prescrição médica, com venda controlada nos mesmos moldes dos antibióticos, incluindo a retenção de uma das vias da receita.
Segundo a professora do curso de Farmácia da Wyden, Rafaela Freitas, a preocupação da Anvisa e do Governo tem o objetivo de coibir o uso indiscriminado e a banalização dessas medicações. “Elas foram desenvolvidas para o tratamento do diabetes tipo 2, mas passaram a ser indicados também no tratamento da obesidade em pessoas com IMC elevado ou com comorbidades associadas, como hipertensão, apneia do sono ou dislipidemias. No entanto, muitos pacientes passaram a utilizar as canetas para fins estéticos, mesmo sem diagnóstico de obesidade ou sobrepeso”, explica a docente.
A especialista pontua ainda que, com a popularização das canetas emagrecedoras, crescem também os efeitos adversos associados ao seu uso. “Os efeitos adversos mais comuns incluem náuseas, vômitos, diarreia, constipação e dor abdominal”, enumera. Em alguns casos, podem ocorrer hipoglicemia, pancreatite, distúrbios renais e problemas na vesícula biliar. Além disso, há risco de perda de massa magra, desnutrição e distúrbios alimentares quando o uso é feito de forma irresponsável. “Sem acompanhamento profissional, o paciente não é monitorado quanto a possíveis reações adversas ou à adequação da dose, o que aumenta ainda mais os riscos”, complementa.
USO CORRETO
A forma correta envolve prescrição médica, com base em critérios clínicos como o IMC e a presença de doenças associadas. O tratamento deve fazer parte de um plano multidisciplinar, com o acompanhamento de nutricionista, educador físico e, em alguns casos, psicólogo.
A aplicação é subcutânea, geralmente diária ou semanal, conforme a substância utilizada. A dose deve ser ajustada gradualmente pelo médico, de acordo com a tolerância do paciente. “Além disso, o acompanhamento contínuo é fundamental para avaliar a eficácia, a segurança e a necessidade de manter ou ajustar o tratamento”, finaliza a profissional.