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Edição especial de domingo |
Por Marcius Piropo 4° dan, Campeão Mundial de Karatê e faixa preta em Kickboxing
A derrota de um ícone como Wanderlei Silva em um evento de exibição, manchada por tentativas de golpes de MMA e pela incapacidade de aceitar a decisão, não foi apenas um revés esportivo. Para mim, Faixa Preta 4º Dan de Karatê e alguém que dedicou a vida à disciplina das artes marciais, foi uma afronta à Honra e à Filosofia da Luta.
A mensagem é clara: O BOXE É A NOBRE ARTE E MERECE O RESPEITO INCONDICIONAL DE TODOS OS ESTILOS.
A Lição do Código de Conduta
O Boxe é uma disciplina histórica, com regras sacrossantas e um código de conduta que forma o caráter. Quando um lutador aceita competir sob as regras do Boxe, ele está fazendo um pacto de honra. Romper esse pacto, tentando usar técnicas de outra modalidade, é a mais profunda das deslealdades.
A desonra reside em fugir da regra no momento do sufoco. E isso nos leva ao cerne do que é ser um artista marcial, seja no ringue, no dojô ou na roda: o Respeito.
O Respeito que Vem da Capoeira
Pensemos em um cenário que ilustra perfeitamente o meu ponto. Imaginem o grande Popó, símbolo do Boxe brasileiro, sendo desafiado por um Mestre de Capoeira a lutar na roda. Com a condição de que Popó não pudesse usar as mãos, ele, evidentemente, seria derrubado pelos golpes e pela malícia da Capoeira.
Porém, aqui está o detalhe que define a nobreza: mesmo derrotado, Popó jamais daria um soco no Mestre de Capoeira. Ele não usaria um golpe alheio à regra da roda. Por quê?
Isso é RESPEITO. É o código de conduta que é ensinado no Karatê, no Judô, no Taekwondo, no Jiu-Jitsu e na própria Capoeira. É o compromisso de honrar a regra estabelecida. Você aceita o desafio, aceita a regra e, principalmente, aceita o resultado com dignidade.
O Boxe não pode mais aceitar ser desrespeitado. Seus campeões devem proteger a integridade da Nobre Arte. O MMA, que se orgulha de ser uma mistura de artes, deve, antes de tudo, ser uma mistura de RESPEITO.
TÁ NA HORA DO MMA REVER SUA FILOSOFIA. A luta de verdade exige disciplina, honra e aceitação, não trapaça.