O Desgaste de Benon em Nazaré – A Contradição entre Cargos e Obras
O prefeito Benon, eleito em Nazaré com uma expressiva margem de 2.750 votos de frente, enfrenta uma crise política silenciosa, mas perigosa: a insatisfação de sua própria base eleitoral e de correligionários. O que se desenha no município é um paradoxo que pode custar caro à governabilidade.
O mandato de Benon, até o momento, tem sido marcado pela lentidão na entrega de serviços e obras. O eleitor de Nazaré vê pouco mais do que ações paliativas: a pintura do estádio, a instalação de alguns chuveiros novos e a reforma do telhado do Maria Fumaça, que foi devastado pela demora e até agora não entregou. Enquanto o cidadão espera por grandes projetos e melhorias estruturais, a máquina administrativa parece acelerar em uma única direção.
A Rápida Criação de "Cabides" e a Revolta da Base
O contraste é brutal e é o principal motor do desgaste.
Enquanto as obras estruturais patinam, o prefeito Benon demonstrou uma agilidade notável na criação de novos cargos comissionados. Dois projetos que aumentaram o número de postos nas secretarias de Educação e de Assistência Social foram rapidamente aprovados na Câmara Municipal.
O PIRÔPO NEWS, cumprindo seu papel amparado pelos Artigos 5º e 220 da Constituição (e pela ADPF 130), tem divulgado cada nova nomeação publicada no Diário Oficial. A repercussão dessas nomeações é imediata e atinge o cerne da base de sustentação do prefeito.
Prefeitura não é cabide de emprego. É verdade. O prefeito, com responsabilidade fiscal, não pode, e nem deve, nomear todos os seus eleitores. No entanto, o problema não está apenas no volume de nomeações, mas no sentimento de menosprezo das lideranças políticas que se dedicaram à eleição de Benon e que hoje estão de fora do governo.
O Eco da Frustração no WhatsApp
A frustração não fica apenas nos bastidores. A cada nova nomeação, as lideranças excluídas têm se manifestado em áudios constantes e explosivos em grupos de WhatsApp. Eles expõem a raiva e o sentimento de terem sido abandonados após a vitória, acusando a gestão de privilegiar novos aliados ou grupos específicos.
Este fenômeno do "zap" é perigosíssimo. As críticas internas, quando viralizadas, ganham uma potência muito maior do que as críticas da oposição, pois vêm de quem conhece a intimidade do grupo político.
Benon se elegeu com uma margem sólida. Mas, se o prefeito não reajustar rapidamente as prioridades — colocando o início das obras e a melhoria dos serviços públicos na frente da política de acomodação de cargos —, corre o risco de ver sua base rachar. Um governo sem a lealdade ativa de seus correligionários e com a insatisfação crescente dos eleitores por falta de resultados concretos, transforma uma vitória folgada em um mandato de constante fragilidade.
O que Benon fará para equilibrar a necessidade política de acomodar a base com a urgência de entregar a Nazaré as obras prometidas? O tempo está correndo contra o relógio político