O que aconteceu nos bastidores da ONU esta semana é, sem dúvida, um terremoto político. O breve, mas altamente carregado, encontro entre Donald Trump e o presidente Lula injetou uma dose maciça de imprevisibilidade na política externa e, crucialmente, no nosso tabuleiro político interno brasileiro.
Este aceno cordial de Trump — com direito a elogios sobre a “química excelente” e o acerto de uma reunião na próxima semana — se torna um ponto de inflexão que confronta diretamente a estratégia de isolamento que a oposição bolsonarista vinha armando nos Estados Unidos.
O Fio da Contradição: Sanções Versus Simpatia
É fundamental, aqui no PIRÔPO NEWS, partir de uma contradição gritante.
Nós temos, por um lado, a linha dura: o governo americano, sob a influência de figuras como Marco Rubio, tem pressionado e conseguido a imposição de sanções a autoridades brasileiras, incluindo o Ministro Alexandre de Moraes, usando a Lei Magnitsky. Esta é a tática de isolamento, amplamente patrocinada por Eduardo Bolsonaro em Washington, buscando deslegitimar a administração Lula.
Por outro lado, e é aqui que o jogo vira, o mesmo Donald Trump ignora toda essa tensão. Ele faz um gesto de pragmatismo puro ao elogiar Lula publicamente, desarmando o ambiente e prometendo uma aproximação. É a ideologia sendo atropelada pelo cálculo político.
Ousadia e a Lógica de Trump
Minha opinião é clara: Lula consegue manipular e Trump não gosta de pessoas fracas.
O presidente brasileiro teve a ousadia de peitar a maior potência econômica e militar do mundo com seu discurso duro na ONU. E é exatamente isso que acaba chamando a atenção de Trump. Ele, como homem de negócios e político que valoriza a "força" e a capacidade de se impor, pode ter visto em Lula um adversário/parceiro que merece respeito justamente por não se curvar às críticas recentes. O discurso de Lula, em vez de afastar Trump, despertou o interesse pragmático do americano. Trump "só faz negócios com quem gosta", mas o seu "gostar" é, em grande parte, medido pela capacidade do outro lado de se impor com firmeza.
O Fator Econômico Fala Mais Alto
Outra coisa que não podemos ignorar, meus amigos, é a pressão dos empresários americanos. Eles precisam comprar produtos brasileiros.
As tensões e as ameaças de tarifas causaram fricção e incerteza no comércio bilateral. O Brasil não é qualquer país; somos conhecidos mundialmente pelo nosso pentacampeonato de futebol e por sermos campeões mundiais em diversas modalidades esportivas, como o nosso próprio Karatê! Somos um parceiro comercial insubstituível.
Esta aproximação pode ser, no fim das contas, uma manobra estratégica de Trump para abrir um canal de diálogo, mostrar flexibilidade a seus próprios empresários e usar essa reunião como uma ferramenta de negociação. É o pragmatismo econômico falando muito mais alto que a ideologia de extrema-direita.
O Dilema de Eduardo Bolsonaro em Washington
Este é o ponto mais sensível de toda essa história. Como fica a luta de Eduardo nos EUA diante desta aproximação de Lula e Trump?
Embora Bolsonaro seja o preferido de Trump, ele não está na cadeira presidencial. Eduardo Bolsonaro está em Washington, mas é apenas um Deputado Federal. E, infelizmente, com o cenário atual do STF, Deputados e Senadores não têm tido muita moral como um "Poder Político" de fato.
A principal estratégia de Eduardo e seus aliados, como Marco Rubio, de isolar e deslegitimar a administração Lula e pressionar o Judiciário brasileiro, está ameaçada. Se o próprio "líder" do movimento conservador global está disposto a negociar com Lula, a narrativa de "perseguição" e isolamento perde força no palco internacional.
O abraço de Trump realça a diferença de poder institucional: a negociação é feita entre o Presidente do Brasil e, potencialmente, o futuro Presidente dos EUA, não com um Deputado Federal.
A bola agora está no campo de Eduardo Bolsonaro, que terá que reajustar a mira de sua luta em Washington diante desta nova e desconcertante realidade de aproximação pragmática.