A Ciência Desmascara Textos Religiosos e o Conceito de "Escolha"
Há anos, a ciência vem confrontando e desmascarando a visão de que a orientação sexual seria uma "escolha" ou "vontade própria", defendida por diversas doutrinas religiosas e citada em textos como 1 Coríntios 6:9-10. O versículo, que condena "homossexuais passivos ou ativos" a não herdarem o reino de Deus, está sendo posto em xeque por evidências biológicas cada vez mais sólidas.
O Cérebro em Debate: Uma Questão de Biologia, Não de Opção
Um estudo seminal de 2008, conduzido pela equipe de Ivanka Savic no Instituto Karolinska, na Suécia, e publicado na revista científica "PNAS", forneceu as provas mais robustas de que a sexualidade é uma característica biológica.
Utilizando ressonância magnética, a pesquisa revelou que o tamanho e a forma do cérebro variam de acordo com a orientação sexual, e não apenas com o sexo biológico:
- Homem Gay: O cérebro assemelha-se ao de uma mulher heterossexual, com os dois hemisférios de tamanhos semelhantes.
- Mulher Lésbica: O padrão cerebral assemelha-se ao de um homem heterossexual, com o hemisfério direito ligeiramente maior que o esquerdo.
Além disso, a análise do fluxo sanguíneo na amígdala – área cerebral ligada ao aprendizado emocional e ao humor – reforçou essa correlação, mostrando o padrão masculino homossexual correspondente ao feminino heterossexual, e vice-versa. A escolha por estudar parâmetros fixos, como a forma e o tamanho do cérebro, elimina a possibilidade de que essas características sejam meramente "aprendidas" ao longo da vida.
Identidade Transgênero: A Atividade Cerebral Alinha-se ao Gênero Desejado
O avanço não parou na orientação sexual. Uma pesquisa mais recente, de 2018, da Universidade de Liége, na Bélgica, trouxe luz sobre a identidade transgênero. Liderado pela neurologista Julie Bakker, o estudo envolveu ressonâncias magnéticas em crianças e adolescentes transgêneros.
A conclusão foi clara: a atividade cerebral dos voluntários se comportava de maneira muito mais semelhante à de indivíduos cisgêneros de seu gênero desejado do que à do sexo designado no nascimento.
"Embora mais pesquisas sejam necessárias, agora temos evidências de que a diferenciação sexual do cérebro difere em jovens com [Disforia de Gênero], pois mostram características funcionais do cérebro que são típicas de seu gênero desejado,” afirmou a Dra. Bakker.
A Natureza Intersexo e a Tentativa da Religião de Condenar o que é Biológico
O caso de um chinês de 33 anos, noticiado em 2022, ilustra como a biologia pode se manifestar de formas complexas. Após 20 anos sofrendo com dores abdominais e liberando sangue na urina, o homem descobriu, em decorrência de exames, que possuía útero e ovários – uma condição de intersexualidade (nascido com características físicas, genéticas e hormonais de ambos os sexos).
Enquanto a religião tenta impor o conceito de "opção sexual", a ciência e casos como este demonstram que a diversidade sexual e de gênero é uma condição humana biológica inegável, que transcende preferências ou escolhas morais.
O Preço da Ignorância e a Evolução Humana
A pressão religiosa, que condena o que é biologicamente determinado, tem um preço trágico: o aumento de casos de suicídio entre aqueles que não conseguem aceitar viver em um corpo desalinhado com seu cérebro e identidade.
Vale lembrar que a história mostra que a religião já condenou, no passado, outras condições hoje compreendidas pela ciência, como a Síndrome de Down ou mesmo pessoas ruivas.
Com o avanço científico, a ignorância humana é progressivamente deixada para trás. Assim como a ciência foi fundamental para desmascarar a escravidão baseada na cor da pele, ela agora é essencial para confrontar dogmas e promover a aceitação da diversidade humana.
A humanidade tem muito a agradecer aos avanços científicos por nos tirar das sombras da condenação religiosa e nos guiar para uma compreensão mais precisa e compassiva de quem somos.
Fontes: G1, PIRÔPO NEWS, Observatório G, BOL, UOL.