Por Marcius Pirôpo
O cenário para a Presidência da República em 2026 é uma incógnita no Brasil, mas os movimentos do chamado "clã Bolsonaro" falam mais alto do que qualquer discurso. A verdade é que, no campo da direita, a força do sobrenome Bolsonaro é o maior ativo, mas também o maior dilema.
A Lógica Simples da Disputa
Se o Bolsonarismo estivesse absolutamente convicto da vitória, se soubesse que a onda de apoio é suficiente para reconquistar o Planalto, a escolha do candidato seria óbvia: o senador Flávio Bolsonaro.
Flávio não é apenas o filho. Ele é o mais parecido fisicamente com o pai e, por carregar o nome, tem a capacidade de avivar a memória e o voto do eleitor fiel de forma imediata. Ele é o "Bolsonaro" elegível mais direto. A lógica política é simples: você coloca na disputa o nome que tem a maior chance de vencer, e, no caso do bolsonarismo, o nome mais puro é o da família.
A questão que se impõe, e que não pode ser ignorada, é esta: Se Flávio Bolsonaro não se lança, optando por endossar um terceiro, é porque ele (ou o grupo) sabe que pode perder.
O Caso Tarcísio: Voto Vencedor ou Voto de Sobrevivência?
O atual dilema entre Flávio e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reforça essa leitura.
Tarcísio é o nome de menor rejeição fora do clã e é visto por aliados como um candidato mais competitivo para enfrentar o atual governo (Fonte 3.5). Sua força reside na sua competência de gestão, e não diretamente no sobrenome.
- Se o Bolsonarismo estivesse forte, o movimento lançaria Flávio para capitalizar a emoção e a lealdade.
- Ao hesitar em Flávio e apostar em Tarcísio, o movimento sinaliza que o sobrenome, embora poderoso entre os fiéis, espanta os eleitores moderados (Fonte 2.7) e pode não ser suficiente para vencer uma eleição apertada.
A prisão do ex-presidente e as incertezas jurídicas (Fonte 2.5) tornam o nome "Bolsonaro" mais polarizador e arriscado.
A opção por Tarcísio, portanto, é um voto de sobrevivência do movimento, um reconhecimento tático de que o maior ativo do grupo, o nome, tem um teto eleitoral perigoso. O movimento, ao não ousar com o seu representante mais orgânico, revela uma verdade que parece saber nos bastidores: a vitória em 2026 não está garantida.

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