Quem vê Arícia Perée, de apenas 17 anos, conquistando medalhas e vencendo etapas do Campeonato Baiano, nem imagina que a nadadora tinha medo de praticar maratonas aquáticas. “Comecei a natação na piscina. Quando eu era mais nova eu tinha muito medo do mar. Na Bahia é uma tradição nadar maratona aquática, mas sempre tive receio. Tinha medo por não ver o fundo do mar e por ter bichos”, contou. Recentemente, a baiana foi medalha de bronze nos 10km e prata no revezamento misto, nos Jogos Sul-Americanos de Praia, em Rosário, na Argentina, e mais uma prata nos 10km, pelo Campeonato Sul-Americano, em Iquique, no Chile.

Arícia conquistou a medalha de bronze e de prata no Sul-Americano da Argentina | Foto: Reprodução / Instagram
Ela explicou que só começou a praticar a modalidade após conhecer o seu atual treinador, Rogério Arapiraca. “Ele foi aos poucos me apresentando às maratonas. A primeira coisa que fiz quando fui treinar com ele foi perguntar se era obrigada a nadar no mar. Ele disse que não e que seria tudo no meu tempo. Comecei no ano passado. Foi um processo bem lento, mas muito interessante, pois fui perdendo o medo pouco a pouco”, finalizou.
Apesar do pouco tempo no mar, Arícia já acumula alguns feitos: “Tenho vários títulos baianos. Ano passado conquistei vaga para o Mundial Júnior e saí de lá com o melhor resultado do Brasil, que foi um 9º lugar na prova de 7,5km. Porém, por nadar há mais tempo, tenho mais títulos nas piscinas até o momento. São mais de 20 medalhas em campeonatos nacionais e outras em Sul-Americanos”.
No último dia 23 de março, Arícia confirmou a boa fase e conquistou a 2ª Etapa do Campeonato Baiano de Maratonas Aquáticas. No masculino, Allan do Carmo também subiu no lugar mais alto do pódio. O nadador, inclusive, é o grande ídolo da atleta de 18 anos. Para Perée, o multicampeão é um espelho para sua carreira.
“Tenho uma relação de amizade muito forte com o Allan do Carmo. Me espelho muito nele. Para mim ele é uma prova concreta de que é possível alcançarmos sonhos se corrermos atrás. A gente treina junto e ele me passa muitas dicas. Pretendo muito seguir os passos dele”, enalteceu.
Não dá para esconder que o sonho de todo atleta é participar dos Jogos Olímpicos, e com Arícia não é diferente. No entanto, a nadadora admite que é cedo para almejar a Olimpíada de Tóquio em 2020. Apesar de estar na briga por uma vaga, a baiana salienta que ainda está começando na modalidade.

A baiana sonha em conseguir vaga para as próximas Olimpíadas | Foto: Reprodução / Instagram
“O objetivo de qualquer atleta é chegar às Olímpiadas. A de Tóquio-2020 é sonhar muito alto para mim, pois ainda tenho muitos obstáculos para passar e muitos degraus para subir até chegar em uma Olimpíada. Claro que, se eu conseguir a oportunidade, estou brigando por isso sempre, seria uma enorme conquista. Ainda tem muito chão para andar até lá”, afirmou.
Treinando na Aceb, Arícia não descarta uma mudança para fora do estado ou até fora do país, mas adaptada ao técnico Arapiraca salienta que não pretende deixar a Bahia no momento.
“Quando eu era mais nova eu pensava em sair da Bahia, pois nos outros estados e países tem uma estrutura melhor, assim como as faculdades que visam mais os esportes... Mas atualmente me identifico muito com meu treinador e por enquanto não me vejo sem treinar com ele. Mantenho aberta essa possibilidade para o futuro, mas atualmente não pretendo sair daqui não. Temos o exemplo do Allan do Carmo e do Luiz Rogério Arapiraca, filho do meu treinador, que se deram super bem aqui na Bahia”, explicou.
Além dos treinamentos, Arícia se preocupa com os estudos. Por isso, leva uma rotina pesada para conciliar os compromissos: “Minha rotina puxada é um dos fatores de já ter cogitado sair da Bahia. O fato de morar longe de onde treino também não facilita, mas com os resultados essa rotina desgastante acaba compensando. Acordo 4h para ir treinar antes da escola, depois vou para a escola. Retorno ao treino após as aulas para ficar fazendo parte física, em seguida dentro d’água, recuperação, descansar... É muito puxado. Tento otimizar o máximo de tempo dentro da escola, aproveito para fazer atividades de casa já nas aulas, tiro dúvidas lá mesmo. Levo meus materiais quando viajo para competições e tento adiantar lá mesmo. Faço muito segundas chamadas de provas e tento não acumular assuntos. Se não correr atrás, é impossível atingir bons resultados na escola e na natação”, destacou.

Apesar dos bons resultados na piscina, a baiana foca nas maratonas | Foto: Reprodução / Instagram
Sem tempo para descansar, Arícia disputou o Sul-Americano Júnior, em Iquique, no Chile, e em seguida, desembarca no Rio de Janeiro, para representar o estado no Maria Lenk. “No Rio eu vou nadar maratona e piscina, porém, nesse ano meu foco serão as maratonas”, disse.
E os bons resultados só fortalecem o seu desejo de realizar seus sonhos e chegar a grandes competições: “Quero sentir que todo meu esforço está sendo recompensado. Nunca quero estar satisfeita, quero sonhar mais alto e chegar mais longe”.
fonte: BN
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