Empossado nesta quarta-feira (13) como novo comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Paulo Coutinho falou sobre o alto número de mortes em ações da corporação e o marcador racial desta letalidade. Questionado sobre o estudo que apontou que 97% dos assassinados pela PM baiana em 2019 são negros , ele negou haver “direcionamento” nas ações dos policiais.
“No nosso estado, temos que ver que temos uma prevalência da raça negra. Acredito que a Polícia Militar não direciona sua ação, e, sim, nós encontramos o fato e temos que agir para defender o cidadão”, respondeu, em entrevista coletiva nesta manhã.
A fala contraria, no entanto, a avaliação de pesquisadores da Rede de Observatórios da Segurança, responsável pelo estudo “A cor da violência policial: a bala não erra o alvo”, que mostra como a população negra é o maior alvo da repressão das polícias militares nos estados. Em entrevista ao Bahia Notícias em dezembro, quando o relatório foi publicado, o historiador Dudu Ribeiro, que participou da pesquisa, identificou haver uma “política racial de distribuição de mortes na Bahia” (.
A porcentagem de 97% é maior que a proporção de negros na composição racial do estado, que soma 76,5%, segundo dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O comandante também afirmou ser fruto da atividade o fato de a polícia baiana ter sido a terceira que mais matou em 2019. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram 716 assassinados em ações policiais, atrás apenas dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Eu entendo que, na verdade, isso é uma consequência da atividade e de todas as questões de ordem social”, afirmou o coronel.
“Daremos continuidade ao que está dando certo. Teremos notícias alvissareiras em relação a esta situação”, declarou.
Foto: Alberto Maraux/ SSP-BA /BN/