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Pastor investigado por ofensas a religiões afro critica idolatria: 'Posso ser preso ou morto, mas não mudo pregação', diz

 

Aijalon Berto afirmou, no dia 24 de agosto, que 'tudo está baseado na Bíblia'. Na segunda, Polícia abriu um inquérito contra religioso. Representantes de religiões de matrizes africanas fizeram protesto.




Mesmo sendo alvo de uma investigação da Polícia Civil por causa de um vídeo postado em redes sociais em que associa símbolos culturais de religiões afro a “referências malignas e satânicas”, o pastor Aijalon Berto afirmou que vai manter o discurso contra a “idolatria”. “Posso ser preso ou morto, mas não mudo a pregação baseada na Bíblia”, declarou.

O discurso do pastor virou alvo de investigação da Polícia Civil pernambucana, na segunda (23). Por meio de nota, a corporação disse que o inquérito foi instaurado pela 24ª Circunscrição do Varadouro, em Olinda, e está sob a responsabilidade do Delegado Vinícius Oliveira.

O artigo 208 do Código Penal prevê pena de detenção de um mês a um ano ou multa para quem "escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso".

A abertura da investigação contra o pastor foi divulgada, após uma manifestação organizada por representantes de religiões de matrizes africanas, no Recife.

Coordenado pela Articulação da Caminhada dos Terreiros, o protesto aconteceu na área do Túnel da Abolição, na Zona Oeste da cidade.

Tudo começou em julho de 2021, quando entidades ligadas a religiões afro fizeram um painel com símbolos culturais representados em grafite, no túnel, que fica perto do Museu da Abolição.

Representantes de religiões de matrizes africanas fizeram manifestação, na segunda (23) de agosto, no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Após a divulgação dessas homenagens, o pastor da Igreja Evangélica Ministério Dúnamis, de Cruz de Rebouças, distrito de Igarassu, no Grande Recife, publicou nas redes sociais frases contra os símbolos culturais representados nos painéis.

O religioso afirmou, na época, que “entidades referenciadas no candomblé se constituem feitiçaria, à luz da palavra de Deus”.

Críticas

Em entrevista ao G1, nesta terça (24), Aijalon Berto declarou que a “sua luta” contra a “idolatria” não é contra apenas os representantes de religiões e matrizes africanas.

“Também tenho pregado contra a Igreja Católica, que também idolatra imagens. Deus ficou indignado, porque os idólatras estavam pintando nas paredes as imagens das suas entidades veneradas”.

Berto disse, ainda, que no caso do Túnel da Abolição, viu o que “significavam” as imagens, à luz da palavra de Deus.

“Eu verbalizei que era veneração a ídolos e totens para seres demoníacos. Elas estão energizadas por foças malignas”, declarou.

Ele também falou sobre a liberdade de crença e disse que têm direito de exercê-la “na integralidade”. Questionado sobre se não estaria extrapolando a liberdade de crença, o pastor afirmou que “não está estimulando violência”, disse.

Mesmo depois de ser tornar alvo da investigação aberta pela polícia, o pastor voltou a tratar do assunto nas redes sociais. Ele escreveu um texto e gravou um vídeo em que volta a usar termos ofensivos.

“A maior hipocrisia sãos os representantes de determinadas religiões de matriz africana (feitiçaria) falar que um pastor está ameaçando a liberdade religiosa delas”, disse.

Berto segue, na portagem dizendo que as religiões de matrizes africanas “estão usando da via jurídica para caçar, prender e ameaçar um pastor por causa da sua pregação”.

Ainda na entrevista, por telefone, Berto disse que “não entende” a “vitimização” das religiões de matrizes africanas nem os “ataques levianos”.

“Em nenhum momento, associei minhas falas a uma questão de cor de pele e não posso, por isso, não posso ser apontado por uma frase racista. Estou usando o que a Bíblia diz”, afirmou.

Nessa mesma linha de raciocínio, o pastor afirmou que poderia citar vários versículos da Bíblia “para embasar” o que está pregando.

“A Bíblia classifica os rituais contidos nas religiões de matriz africana como feitiçaria. E isso Deus abomina”.

“Cada um tem sua liberdade para crer. Mas o Evangelho diz que só há num caminho para que o homem tenha salvação eterna e libertação de pecados, que é Jesus”, afirmou.

Sobre as pregações, Berto afirmou que não está cerceando a liberdade religiosa de ninguém “Deus recebe todos, desde que eles se arrependam. Estou conclamando as pessoas a se arrepender”, declarou.

A queixa foi prestada na Secretaria de Defesa Social (SDS) por representantes de religiões de matrizes africanas que participaram de um ato para repudiar as frases do pastor (veja vídeo acima).

No protesto de segunda, eles disseram que as autoridades deveriam é preciso tomar uma atitude jurídica contra a intolerância religiosa, que desde 1989 considera crime a discriminação ou preconceito contra religiões.

A manifestação ocorreu no Dia Internacional de Memória do Tráfico e Abolição. O ato foi chamado de "Manifesto em defesa da liberdade de crença e de respeito ao nosso sagrado"

Outro caso

Aijalon Berto é o mesmo pastor que foi alvo de uma ação criminal e investigação policial por ter chamado de “feiticeiro” um ator negro, que fez uma vídeo promocional da prefeitura de Igarassu, falando sobre a suspensão do carnaval deste ano por causa da Covid-19.

Esta semana, o próprio pastor postou mensagem nas redes sociais para dizer que tinha sido denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Ele tratou o caso como "perseguição" por "pregar contra invocação demoníaca em vídeo de prefeitura".


G1 


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