Foto: Murilo Bereta/Ascom ADUNEB
Os professores da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) iniciam a greve há 20 dias, em protesto contra o atraso nas promoções e a falta de recomposição salarial. A principal reivindicação da categoria é a demora na aprovação de progressos de carreira, mesmo após concursos internos e aprovações. Segundo os professores, os processos estão paralisados na Secretaria de Administração do Estado (Saeb), o que gerou uma fila de profissionais aguardando pela promoção.
A carreira docente da Uneb é dividida em cinco níveis, e a progressão de um nível para outro garante um aumento de 16% a 18%, dependendo do segmento. A professora Ronalda Barreto, ex-coordenadora da Associação dos Docentes da Uneb (Aduneb), criticou a interferência do estado nos processos de promoção da universidade, afirmando que a instituição deveria ser autônoma.
“A universidade é autônoma e os processos deveriam se esgotar internamente, sem ingerência do estado”, disse.
Mais de 160 professores da Uneb, distribuídos entre os 27 campi da instituição, aguardam a promoção docente, o que tem prejudicado o desenvolvimento da carreira acadêmica. Diferente das demais universidades estaduais, como a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que aceitaram a proposta de recomposição salarial do governo, a Uneb continua em greve. Os docentes reivindicam um aumento de 15,53%, superior aos 13,83% oferecidos.
Outro ponto central da greve é a defasagem salarial acumulada nos últimos anos, que chega a 35%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O último aumento real para os professores aconteceu em 2012, e, desde então, os salários não acompanharam a inflação, especialmente durante a gestão de Rui Costa.
Além das promoções, a greve garantiu uma vitória com a aprovação do Programa de Auxílio à Itinerância Docente pelo Conselho Universitário (CONSU). O programa busca oferecer suporte aos professores que precisam se deslocar entre os campi da Uneb, muitas vezes custeando do próprio bolso as passagens intermunicipais. O professor Josevandro Chagas, por exemplo, gasta cerca de R$ 600 por mês para dar aulas em Santo Antônio de Jesus, valor que corresponde a 20% do seu salário.
Apesar das conquistas, a greve continua e os professores esperam uma resposta efetiva do governo estadual. Até o momento, a Secretaria de Administração do Estado (Saeb) e a Secretaria de Educação (SEC) não responderam aos questionamentos da categoria.