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Um áudio inserido nos autos pelo Ministério Público de São Paulo durante o depoimento de Vinicius Gritzbach, empresário e delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), revela uma conversa entre um investigador do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e um advogado ligado à facção criminosa. No diálogo, há uma proposta de R$ 3 milhões para que o policial matasse Gritzbach.
A gravação, realizada pelo próprio empresário, ocorreu durante uma ligação telefônica com o advogado do PCC em que Gritzbach utilizou o viva-voz, sem o conhecimento do policial e do advogado. Inicialmente, o advogado oferece R$ 300 mil pelo assassinato, e, em resposta, o policial mostra disposição em aceitar. Logo após uma breve provocação entre eles, o advogado eleva a oferta para R$ 3 milhões. A defesa de Gritzbach argumenta que a negociação foi clara:
Advogado: "Mas você acha que 3 dá?"
Policial: "É... pensa nos 3. Vai pensando, me fala depois..."
Depois da ligação, o policial e outro interlocutor tentam tranquilizar Vinicius, que manifesta temor quanto à situação. Em tom de apoio, o policial se despede de Gritzbach com palavras de encorajamento, embora o empresário continue visivelmente preocupado com a ameaça.
Gritzbach era acusado de homicídio contra membros do PCC e envolvimento em lavagem de dinheiro para a facção, embora respondesse em liberdade. Na última sexta-feira (8), ele foi morto a tiros no aeroporto de Guarulhos. Câmeras de segurança registraram o momento em que dois homens encapuzados e armados com fuzis dispararam contra o empresário, resultando em sua morte e deixando mais três pessoas feridas. Os assassinos fugiram do local e não foram identificados até o momento.
Investigações e Hipóteses
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) formou uma força-tarefa para investigar as circunstâncias do crime, incluindo possíveis envolvimentos do PCC, de policiais e até de credores do empresário. As autoridades tratam o caso como homicídio e lesão corporal, considerando que Gritzbach era uma testemunha-chave contra o PCC e que poderia ter informações comprometedoras sobre diversos envolvidos.
As investigações seguem, e o áudio da conversa reforça a complexidade do caso, além de revelar uma perigosa conexão entre o crime organizado e agentes de segurança, indicando os riscos enfrentados por aqueles que colaboram como delatores.
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