Com a cidade em dificuldades financeiras, o investimento de R$ 1 milhão na festa levanta questões sobre prioridades em meio à crise. | 
Foto: Divulgação
O Município de Quijingue, no norte da Bahia, está no centro de um debate sobre o uso de recursos públicos durante uma situação de emergência. A cidade, que enfrenta sérias dificuldades financeiras e administrativas, decretou estado de emergência no início de janeiro de 2025, visando reorganizar serviços essenciais. No entanto, o município vai gastar R$ 1 milhão para custear a tradicional Festa de São Sebastião, que acontece nesta terça-feira (21) e quarta (22).
O Ministério Público da Bahia (MPBA) chegou a pedir na Justiça a suspensão da festa, mas a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), desembargadora Cynthia Resende, suspendeu a liminar que impedia a realização do festejo. A festa, que inclui apresentações de artistas e toda a estrutura necessária para a celebração, foi contratada pelo município logo após a decretação do estado de emergência. O montante de R$ 970 mil foi destinado à contratação de seis artistas, enquanto outros custos relacionados ao evento, como iluminação, palco e segurança, elevam o valor total para R$ 1 milhão.
Os contratos firmados para a contratação dos artistas para a Festa de São Sebastião em Quijingue, que incluem grandes nomes da música como Devinho Novaes (R$ 170 mil), Solange Almeida (R$ 280 mil), Toque Dez (R$ 200 mil), Tayrone (R$ 220 mil), Acácio Ferinha da Bahia (R$ 60 mil), e Favorita A Mais Gostosa da Bahia (R$ 40 mil), totalizam R$ 970 mil, valor que corresponde a uma parte significativa dos gastos previstos para o evento. No entanto, enquanto os investimentos na festa geram discussões, o município de Quijingue enfrenta um cenário de calamidade financeira, com o Ministério Público atestando a precariedade das instalações das Unidades de Saúde da Família (USFs), como a "USF Sede I – Padre Francisco de Souza", "USF Sede III – Valdete Carvalho de Abreu", "USF Algodões I", e "Naydson Brito – Tanque do Rumo", que precisam de reformas urgentes. O Procurador-Geral do Município, Marcos Leone, admitiu, em audiência, as dificuldades financeiras da cidade, mas defendeu a importância cultural da festa, salientando que os contratos seriam firmados somente após a resolução da situação de emergência fiscal.
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