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Conectar Cultural premia guardiões da memória e da tradição do Recôncavo






 

Samba do Machucador, Nego Fugido, Artesãos de Saubara, Filarmônica 


de São Félix e Mulheres Negras e Quilombolas de Cachoeira são os premiados 


Associação Cultural Nego Fugido, Samba do Machucador e  Mulheres Negras e Quilombolas de Cachoeira (Fotos: Sérgio Góes)


 

A cultura ancestral do Recôncavo Baiano brilhou neste sábado (13) durante a cerimônia de premiação do Conectar Cultural, no Pelourinho. Em uma tarde marcada pela celebração das tradições, foram anunciadas as cinco manifestações culturais vencedoras da chamada pública inédita, voltada à valorização e preservação dos saberes e fazeres tradicionais da região. Os contemplados foram: Samba do Machucador, de Cruz das Almas; Nego Fugido, de Santo Amaro; Associação dos Artesãos de Saubara; Sociedade Filarmônica União Sanfelixta, de São Félix; e Articulação de Mulheres Negras e Quilombolas, de Cachoeira. (*Iniciativas vencedoras abaixo)  

A cerimônia reuniu fazedores e fazedoras de cultura de diversas cidades do Recôncavo e celebrou as 105 iniciativas inscritas. Cada vencedor recebeu R$ 100 mil, totalizando R$ 500 mil destinados ao fortalecimento da cultura local. Além da premiação em dinheiro, os saberes e fazeres contemplados serão registrados em um catálogo trilíngue, físico e digital, com QR codes que direcionam para vídeos e arquivos complementares, reforçando a potência criadora do Recôncavo. Os grupos premiados também receberão acompanhamento pelos próximos seis meses, fortalecendo cada proposta de dentro para fora. 

A premiação reafirmou o Recôncavo Baiano como guardião de legados culturais que atravessam gerações. Entre tambores que contam histórias, cantos que preservam memórias e danças que revelam identidades, a região pulsa no samba de roda, na capoeira, no artesanato, nas irmandades religiosas e nas manifestações folclóricas marcadas por séculos de ancestralidade. No fluxo entre memória e reinvenção, o Conectar Cultural fortalece novos protagonistas, amplia o alcance das expressões artísticas e consolida o Recôncavo na preservação do patrimônio cultural da Bahia e do Brasil. 

“Valorizar a diversidade cultural da Bahia e salvaguardar o patrimônio histórico estão no DNA do Instituto Neoenergia. O projeto Conectar Cultural reconhece e apoia iniciativas culturais do Recôncavo Baiano, um território riquíssimo e diverso. É uma alegria poder contribuir para que essas ações ganhem visibilidade em outras partes do Brasil”, destacou Renata Chagas, diretora-presidente do Instituto Neoenergia. 

Além de Renata Chagas, representando o Instituto Neoenergia, também marcaram presença na premiação Matheus Carmo (Iphan Bahia); Danilo Barata (UFRB), Cristiane Taquari (Secult-Bahia), José Beto Severino (UFBA) e Nelma Aronia Santos (UNEB). O evento teve ainda apresentação do Coral do Recôncavo, que celebrou as identidades de matrizes afrodescendentes em uma performance de canto coral. 

Recôncavo mobilizado - A premiação é fruto de uma ampla mobilização realizada pelo Conectar Cultural entre maio e junho, quando encontros em seis cidades do Recôncavo — Cachoeira, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Saubara, Maragogipe e São Francisco do Conde — reuniram cerca de 250 participantes. 

As atividades ofereceram orientações técnicas, acolhimento e escuta ativa, garantindo um processo inclusivo e transparente. A ação se estabeleceu como um espaço de visibilidade e valorização dos grupos culturais, proporcionando troca de saberes, reconhecimento do pertencimento à história da região e fortalecimento do valor transformador da cultura local. 

Fruto da parceria entre o Ministério da Cultura, o Instituto Neoenergia e o Instituto São Paulo de Arte e Cultura (ISPAC), com patrocínio da Neoenergia via Lei Federal de Incentivo à Cultura, o Conectar Cultural se firma como um modelo inovador de valorização das culturas imateriais brasileiras. A iniciativa conta com apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – SECULT, por meio da FUNCEB, IPAC e CCPI, Superintendência do IPHAN na Bahia, UFBA, UFRB, UNEB, Fundação Hansen Bahia e Instituto Popular do Recôncavo. 

 

 

 

INICIATIVAS VENCEDORAS 

SAMBA DO MACHUCADOR 

Formado majoritariamente por mulheres negras, o grupo Samba do Machucador se destaca pelo ritmo único construído a partir do som de pratos e machucadores de madeira. A proposta artística do grupo resgata a memória de resistência das trabalhadoras dos armazéns de fumo e das casas de fazenda do Recôncavo Baiano. Com o projeto “Festival da Cultura Popular: Uma Jornada pelas Raízes do Recôncavo”, a iniciativa busca valorizar as tradições ancestrais da região por meio de oficinas de música, percussão, samba de roda e turbantes, além de rodas de conversa em escolas, feiras de artesanato e apresentações culturais. As ações fortalecem a economia criativa local e aproximam a comunidade de sua própria história e identidade. 

“Esse prêmio significa muito para a nossa comunidade, porque fortalece o trabalho que fazemos de preservar as memórias, cultuar os ancestrais e valorizar os saberes do Recôncavo. É uma emoção muito grande ver a nossa história registrada e reconhecida, porque isso garante que crianças, jovens e adultos tenham acesso às nossas tradições. O Festival da Cultura Popular é uma jornada que resgata a essência da nossa gente e valoriza o trabalho de homens e mulheres que mantêm viva a identidade cultural do Recôncavo. Esse reconhecimento nos inspira a seguir firmes nesse legado, para que nossa história seja contada por muitas gerações”, declara Thelma Carvalho de Jesus Braga, presidente da Associação Cultural do Samba do Machucador. 

 

 

NEGO FUGIDO 

Há mais de um século levando para as ruas a memória da resistência dos negros escravizados no Recôncavo, o grupo Nego Fugido, da comunidade quilombola do Acupe, em Santo Amaro, apresentou o projeto “Nego Fugido e as Memórias das Testemunhas: O Corpo e o Recôncavo como Território de Aprendizagens”. A iniciativa tem o objetivo de valorizar o protagonismo de crianças e adolescentes, preservar os saberes ancestrais das comunidades quilombolas por meio da produção de livros, e-books e materiais audiovisuais, ações socioeducativas, desenvolvimento artístico e intelectual dos estudantes, além da capacitação de professores para uma educação inclusiva e conectada à história local. 

“Esse prêmio representa a luta de uma comunidade, uma luta coletiva. Ele vem num momento importante, de conectar corpos que durante muito tempo houve uma tentativa de desconectar. Nos fortalece porque dá continuidade aos projetos iniciados pelos nossos mais velhos, aqueles que não estão mais com a gente nessa vida, mas continuam lutando junto em outras. É um prêmio que vai fortalecer a nossa luta.” comenta Monilson dos Santos Pinto, coordenador pedagógico da Associação Cultural Nego Fugido. 

 

ARTESÃOS DE SAUBARA 

A força do artesanato tradicional do Recôncavo Baiano foi celebrada com o projeto “Renda de Bilro e Trançado de Palha – Memória e Patrimônio”, proposto pela Associação dos Artesãos de Saubara. Liderada pelas mestras Maria do Carmo Amorim — referência nacional e internacional na preservação da renda de bilro — e Raimunda Alexandria, guardiã do trançado de palha de licuri. O projeto tem como propósito preservar e difundir essas tradições seculares, fortalecendo a identidade cultural de Saubara e a atuação da Associação das Rendeiras, por meio da promoção de oficinas práticas, a produção de um minidocumentário e uma exposição pública, que vão possibilitar a transmissão dos saberes entre gerações e ampliar a visibilidade do artesanato da região. 

“Esse projeto caiu como uma luva na vida da gente. Estou tão emocionada porque jamais pensei que seria contemplada com tanta maravilha. Graças a Deus estou viva para ver esse sonho realizado, tanto para mim como para minha comunidade e para essa geração que está chegando agora. É uma glória e uma satisfação muito grandes”, relata Maria do Carmo Amorim, fundadora da Associação de Rendeiras de Saubara. 

 

 

 

FILARMÔNICA DE SÃO FÉLIX 

Com mais de um século de tradição musical no Recôncavo Baiano, a histórica Sociedade Filarmônica União Sanfelixta, da cidade de São Félix, foi contemplada com o projeto “Música nos Bairros”, criado em 2004.  A premiação vai fortalecer a iniciativa, que tem como objetivo levar apresentações musicais gratuitas a bairros periféricos e comunidades rurais, ampliando o acesso à cultura, aproximando a população da música instrumental e valorizando a identidade cultural local.  A proposta busca também estimular o surgimento de novos talentos para a continuidade da tradição musical no Recôncavo Baiano. 

“Essa premiação representa não só a nossa comunidade, mas também todo o trabalho da nossa filarmônica e de outras filarmônicas do Recôncavo, que já desenvolvem ações nesse território. Receber esse reconhecimento é a oportunidade de fazer ainda melhor o que já fazemos, de alcançar mais comunidades, ampliar a participação e oferecer condições melhores para a execução das nossas ações”, comenta Alan Freitas, presidente da Sociedade Filarmônica União Sanfelixta. 

 

 

ARTICULAÇÃO DE MULHERES NEGRAS E QUILOMBOLAS 

Também foi contemplado o projeto do 11º Encontro de Mulheres Negras e Quilombolas no Quilombo, realizado pela Articulação de Mulheres Negras e Quilombolas do Quilombo Engenho da Ponte (ARMNQEP), em Santiago do Iguape, Cachoeira. O evento já reuniu mais de 6 mil participantes de todo o Brasil, fortalecendo a identidade negra e quilombola por meio de rodas de conversa, oficinas e atividades culturais. Consolidada como um espaço essencial de resistência, articulação comunitária e preservação de saberes ancestrais, a iniciativa agora pretende ampliar seu alcance com a Caravana Cultural da Salvaguarda Negra em sete territórios quilombolas, a continuidade do encontro anual no Engenho da Ponte e a criação do Plano de Salvaguarda Negra dos Quilombos de Cachoeira. 

“Receber esse reconhecimento é muito importante para mim, mas quero dizer que esse prêmio é coletivo: ele representa 84 mulheres que caminham comigo. O principal impacto que buscamos com Caravana Cultural da Salvaguarda Negra é resguardar memórias e preservar saberes, promovendo organicidade, proteção e coletividade. As caravanas fortalecem vínculos nas comunidades tradicionais, especialmente quilombolas, e ajudam a reconectar os territórios do Estado”, explica Mara da Ponte, liderança quilombola e integrante da ARMNQEP. 


FONTE: Viva Comunicação Interativa

Marcius Pirôpo Campeão Mundial

PIRÔPO NEWS BAHIA

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