Últimas Notícias

Bronze na vela no Pan, casal baiano traça nova meta: fazer campanha olímpica para 2024



Com a participação da dupla Juliana Duque e Rafael Martins, a Bahia voltou a ser representada na vela em um Pan-Americano depois de 32 anos. De quebra, o casal conquistou a medalha de bronze na classe Snipe no Pan de Lima, no Peru. Juliana destacou a importância do feito, que coroou a participação inédita na competição.
Foto: Jonne Roriz / COB

“Para a gente era um sonho estar representando o país no Pan-Americano. Lutamos muito e conseguimos classificar, sendo que só se classificam um por classe. Eu não tinha me tocado da importância que é ganhar uma medalha. Só começou a cair a ficha quando vi todo mundo vibrando, a família ligando emocionada... Estou muito feliz. É uma experiência única”, disse Juliana.

Rafael reforçou o discurso de Juliana, e afirmou que o resultado dá confiança para outras conquistas. No entanto, o velejador salientou para as dificuldades de apoio, e o desequilíbrio com os esportistas do Sudeste.

“Voltamos fortalecidos do campeonato, e achando que realmente dá. É difícil, estamos no Nordeste, e sabemos que o apoio não é o mesmo do eixo. O dinheiro não corre do mesmo jeito, mas não é um sonho impossível. Precisa de trabalho, dedicação e foco”, afirmou Rafael.

A medalha de bronze pode ter sido o pontapé inicial para o sonho olímpico do casal. De acordo com Juliana, eles iniciaram uma nova meta: fazer uma campanha olímpica para 2024.

“Quando se faz uma campanha olímpica, não dá para fazer de um ano para o outro. Tem gente que está há oito, dez anos na classe... Por isso pensamos em 2024, pois teremos tempo de preparação. Não é simples. A nossa única dificuldade é a capacidade financeira, do quanto a gente pode investir e ser uma atleta capaz de ganhar uma medalha ou não”, explicou Juliana.

Pensando na Olimpíada de 2024, que acontecerá na França, a dupla precisará escolher uma nova classe, já que a Snipe, que eles competem, não é olímpica. É possível que os testes sejam feitos na classe 470, na Copa Brasil de Vela, em outubro. “Vamos testar esse barco e decidir até o fim do ano qual será o barco para iniciarmos o processo”, revelou Juliana.

Porém, a busca por esse sonho olímpico passa muito por um suporte financeiro. A dupla lamenta a falta de patrocinadores. Eles treinam no Yatch Clube da Bahia, mas salientam que, apesar de muito bom, não é o suficiente para chegar numa Olimpíada, já que não recebem salário para se dedicarem somente ao esporte.  

“Aqui no clube temos um apoio muito bom. Suporte técnico, físico, fisioterapia, psicologia, é bastante coisa. Mas ainda falta, e eu não sei se tem como só uma entidade cobrir, alugar barco fora, viajar, pagar técnico fora, que é super caro. Nos EUA, os atletas gastam cerca de 500 mil dólares. Só o clube não tem como fazer isso”, comentou Juliana.

“O suporte que o Yatch Clube dá para a gente, nenhum outro clube dá no Brasil. Não temos o que reclamar, mas o clube não é a entidade que vai nos dar um salário para sermos 100% do tempo velejadores. A gente precisa buscar uma empresa parceira, que acredite no nosso projeto, e possa pagar um salário para que a gente foque somente no esporte”, explicou Rafael.

Juliana está cursando o oitavo semestre de Engenharia Ambiental, e também dá treinos particulares, enquanto Rafael representa uma veleria no Norte e Nordeste e presta serviços em barcos. “Demos um passo da escada que temos para subir. É possível, mas não adianta não termos um suporte. Gastar um dinheiro e perder nosso tempo? Precisamos estar bem estruturados para podermos chegar lá”, afirmou o velejador.

Questionado se a vida de casados já atrapalhou em alguma prova, Rafael foi rápido: “Deixa ela falar isso aí...”. Apesar de admitir algumas discussões, Juliana afirmou que a confiança deles como casal, ajuda muito na hora das competições: “A gente discute no barco, mas é normal. Vejo como algo positivo, pois um tranquiliza o outro em momentos de nervosismo. Um conhece bem o outro. No Pan foi um ponto muito positivo, pois conseguimos manter mais a calma que outras duplas”, explicou Juliana.
Após o bronze no Pan, o casal mira a Olimpíada de 2024 | Foto: Divulgação / Yacth Clube da Bahia 

“O melhor é que a gente consegue é separar muito a vida de casados com a de atletas. A gente deixa muitas coisas no barco, e quando vai para casa é outra coisa. Assim como os estresses de marido e mulher nós não levamos para o barco”, completou Rafael.

Após o bronze no Pan, Juliana passará um mês fazendo curso na Marinha. Em outubro, eles terão o Mundial de Snipe, que acontece em Ilhabela, interior de São Paulo, e a Copa Brasil de Vela.


por Gabriel Rios
Marcius Pirôpo Campeão Mundial

PIRÔPO NEWS BAHIA

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

Veja mais notícias do Pirôpo News no Google Notícias
PIROPO NEWS GOOGLE NOTÍCIAS