Pesquisadores coletaram amostras do ar na Itália e encontraram gene altamente específico do Sars-Cov-2. Agora eles querem saber se o vírion (vírus fora de uma célula hospedeira) poderia ser carregado pela poluição e infectar pessoas depois de percorrer longas distâncias.
O trabalho ainda é preliminar, e não se sabe se o vírion continua viável nessas partículas de poluição e se o número deles seria suficiente para infectar pessoas.
Os genes foram encontrados em várias amostras diferentes em um local urbano e outro industrial na cidade de Bergamo, na região de Lombardia. Essas amostras foram coletadas de forma contínua durante três semanas, entre 21 de fevereiro e 13 de março. As partículas coletadas são PM10, que têm diâmetro inferior a 10 micrômetros e são inaláveis.
“Podemos confirmar ter demonstrado de forma razoável a presença do RNA do Sars-Cov-2 ao detectar o gene altamente específico RtDr”, escrevem os pesquisadores no resumo do trabalho. A detecção foi confirmada por um laboratório independente,
Uma análise estatística feita pela equipe sugere que níveis mais altos de poluição podem explicar maiores taxas de infecção no norte da Itália antes da imposição da quarentena. A região é uma das mais poluídas da Europa.
Quando uma pessoa tosse ou espirra, gotículas de saliva da pessoa percorrem um ou dois metros antes de caírem no chão. Mas gotículas ainda menores, de 5 micrômetros de diâmetro podem continuar no ar por minutos ou horas e viajar para ainda mais longe.
“Sou um cientista e fico preocupado quando não sei alguma coisa. Se eu sei, posso encontrar uma solução. Mas se não sabemos, nós podemos apenas sofrer as consequências”, diz Leonardo Setti.
Outros dois estudos também analisaram a conexão entre poluição e maior taxa de infecção de pessoas com o coronavírus. [The Guardian]