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Gestantes denunciam descaso da Saúde em Serra Preta: falta de equipamentos, atendimento precário e medo do parto viram rotina no distrito do Ponto

 




Gestar uma vida tem sido um desafio constante para mulheres do distrito do Ponto de Serra Preta, no interior baiano. Em meio a relatos de abandono, gestantes denunciam a precariedade do atendimento pré-natal, a ausência de uma maternidade no município e as dificuldades enfrentadas desde os exames básicos até a hora do parto.


O principal alvo das críticas é a Secretaria Municipal de Saúde, que, segundo as pacientes, não oferece estrutura adequada para o acompanhamento da gravidez, mesmo em estágios avançados da gestação. “Tem mulher com cinco, seis meses, outras quase ganhando neném, e ninguém faz a ausculta do coração do bebê porque o aparelho está quebrado. Isso é um absurdo”, denuncia uma jovem gestante de 27 anos, moradora de uma comunidade próxima ao distrito.


Falta de equipamento básico prejudica acompanhamento pré-natal


Na Unidade de Saúde da Família do Ponto de Serra Preta, o equipamento usado para a ausculta do coração fetal — essencial para ouvir os batimentos cardíacos do bebê — está quebrado. Mesmo sendo um exame simples, não invasivo e amplamente reconhecido por sua importância no monitoramento da saúde fetal, nenhuma substituição foi feita até agora.


“O mês passado estava ruim esse aparelho. Hoje fui de novo e a enfermeira disse que continua com problema. Disseram que já pediram um novo, mas até agora nada”, relatou uma das gestantes. A ausculta, feita com um Doppler fetal ou sonar, pode indicar sinais precoces de sofrimento fetal e permitir intervenções médicas oportunas. Sem ela, tanto a mãe quanto o bebê ficam vulneráveis.


Emergência sem suporte e kits maternidade com burocracia


Além da falta de exames, mulheres grávidas relatam que o município falha no atendimento emergencial. Uma gestante contou o caso de sua prima, que passou mal durante a madrugada e procurou atendimento no hospital. “Disseram que não podiam fazer nada e mandaram ela ir para Feira de Santana. Não conseguiram nem fazer a ausculta do bebê.”


As críticas também recaem sobre a dificuldade para acessar o kit maternidade oferecido pela Prefeitura. “Você vai atrás e eles dizem que tem que fazer cadastro, depois visita na casa, depois uma análise. Enquanto isso a gente já gastou com exame, ultrassom, tudo por conta própria porque o SUS aqui não fornece. Quando é pra dar o kit, criam barreira”, disse uma das entrevistadas.


Transporte existe, mas com dificuldade


Embora o município disponha de transporte para algumas situações, as gestantes relatam que acessar esse serviço é difícil. “Precisa insistir, esperar, e muitas vezes não tem vaga. Quando aparece uma urgência, é um sufoco. Quem não tem parente com carro sofre”, conta uma moradora.


Hospital sem estrutura para casos mais graves


As denúncias também apontam que o hospital local não está preparado para lidar com partos de risco. Segundo as gestantes, a unidade realiza apenas partos normais e não possui estrutura para cesarianas ou emergências obstétricas. “Se a gestante chega e não está em trabalho de parto, eles ficam segurando o máximo possível, mesmo sabendo que o caso pode se agravar”, afirmam.


Segundo especialistas, reter uma gestante em trabalho de parto em um hospital sem estrutura para casos mais graves pode representar um sério risco à saúde da mãe e do bebê. Em situações de emergência, a recomendação é de que a paciente seja transferida o mais rápido possível para uma unidade com suporte adequado, o que, na prática, muitas vezes não acontece.


Apoio frágil e sensação de abandono


As gestantes também relatam um clima de impunidade e abandono político. “Os vereadores só aparecem em festa da Prefeitura. Quem reclama é ignorado. Parece que a gente tem que aceitar tudo calada”, afirma uma moradora. “A única alternativa foi procurar a imprensa para tentar mudar essa realidade.”


A importância da ausculta fetal e do pré-natal adequado


O acompanhamento pré-natal é um dos pilares da atenção básica à saúde da mulher. A ausculta do coração fetal, feita com equipamento simples e de baixo custo, é um dos principais indicadores da vitalidade do bebê. A ausência desse exame compromete a segurança da gestação e é considerada uma falha grave nos serviços básicos de saúde.


Além disso, a ausência de uma maternidade municipal obriga as gestantes a buscarem atendimento em outras cidades, como Feira de Santana, enfrentando trajetos longos e, muitas vezes, sem a garantia de transporte adequado e oportuno.


As gestantes de Serra Preta pedem respeito, estrutura e compromisso. Enquanto recursos públicos são empregados em festas e eventos, vidas seguem em risco por falta de equipamentos simples e medidas que poderiam ser adotadas com rapidez. O cuidado com a vida começa no pré-natal — e negligenciar isso é comprometer o futuro de mães e filhos.


A redação do Portal dos Municípios segue à disposição e aguarda posicionamento oficial da Secretaria Municipal de Saúde de Serra Preta sobre as denúncias relatadas pelas gestantes.


fonte:Portal dos Municípios

informações: Valter Vieira

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