A política de segurança global pode estar à beira de uma nova e perigosa escalada. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, confirmou neste domingo (28) que Washington está analisando o pedido da Ucrânia para obter os poderosos mísseis de cruzeiro Tomahawk, armas que possuem capacidade de longo alcance para atingir alvos em profundidade.
O movimento, que representa uma potencial mudança na postura dos EUA no conflito, foi confirmado por Vance durante entrevista à Fox News. O vice-presidente indicou que o governo do Presidente Donald Trump está avaliando "uma série de pedidos dos europeus" e que a decisão final caberá ao Presidente.
A Estratégia de "Burla" pela OTAN
O cerne da proposta, e o ponto que gera maior controvérsia, é a forma como o fornecimento seria efetuado. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sugeriu uma triangulação: os EUA venderiam os Tomahawks a nações europeias, que, por sua vez, os repassariam a Kiev.
Essa manobra é vista por analistas como uma tentativa de "burla" diplomática para:
- Desassociar Washington da responsabilidade direta e imediata pela escalada do conflito.
- Contornar as rigorosas restrições de uso impostas pelos EUA (acordos de usuário final), permitindo que a Ucrânia utilize o armamento em ataques de longo alcance (deep strikes) contra a retaguarda e a infraestrutura militar russa.
Vance chegou a afirmar que a exigência da compra aos europeus tem o objetivo de fazer com que a Europa demonstre mais "investimento" no conflito.
O Poder do Tomahawk e a Reação do Kremlin
Os mísseis Tomahawk, com alcance de até 2.500 km, dariam à Ucrânia uma capacidade estratégica para atingir alvos muito além das linhas de frente.
A resposta de Moscou foi imediata. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que a Rússia está monitorando "cuidadosamente" o assunto. A principal preocupação do Kremlin é saber quem forneceria os dados de direcionamento e inteligência dos mísseis, pois, segundo Peskov, o envolvimento dos EUA na pontaria dos mísseis transformaria as nações ocidentais em partes diretas da guerra. Apesar da ameaça, o porta-voz minimizou o impacto no campo de batalha, dizendo que os Tomahawks não seriam uma "arma mágica" capaz de mudar a dinâmica no front.