Por Piropo, o Peso Pesado da Notícia
Meus amigos, minhas amigas, o que presenciamos no palco da Assembleia Geral da ONU foi muito mais do que um incidente diplomático. Foi o colapso da tolerância internacional com a desumanidade. Aquele púlpito, que deveria ser o templo da paz, virou o palco da vergonha para Benjamin Netanyahu, o principal artífice da carnificina que devora a Faixa de Gaza.
O Primeiro-Ministro israelense foi recebido com um coro de vaias ensurdecedoras. Um som gutural, a representação sonora da revolta do mundo contra uma resposta militar que ultrapassou todos os limites do que é lícito e proporcional. O direito de Israel de responder ao ataque terrorista do Hamas já não está mais em pauta. O que está sendo julgado, e condenado, é a proporção genocida dessa resposta.
A Degradação do Direito e o Vocábulo Proibido
Não se trata mais de debater se houve exagero. Trata-se de reconhecer que o que era autodefesa transformou-se, nas areias e nos escombros de Gaza, em um crime de guerra de escala épica. O vocábulo "genocídio", antes repudiado e evitado, hoje se naturaliza na boca de líderes, diplomatas e, o mais importante, da população mundial.
A reação da comunidade internacional não se limitou às vaias. Dezenas de delegações se levantaram e abandonaram o plenário no momento em que Netanyahu subiu ao palco. Este é um gesto político de ruptura, uma declaração inequívoca de que certas nações não mais concedem legitimidade a um líder que parece ter jogado no lixo as convenções internacionais em nome de uma vingança que não conhece limites.
Dois Estados: A Tese de Paz Contra o Muro da Intransigência
No meio desse turbilhão, a única solução de paz razoável, a tese dos Dois Estados, foi resgatada das cinzas. É a única fórmula que permite a coexistência de um Estado de Israel seguro ao lado de um Estado Palestino soberano. É a simetria da justiça.
Não por acaso, potências como o Reino Unido, a França e o Canadá moveram-se recentemente em direção ao reconhecimento formal do Estado Palestino. Este é o movimento político que o mundo exige.
Contudo, este avanço diplomático encontra uma muralha. A liderança israelense, personificada no Primeiro-Ministro, refuta essa solução de forma intransigente. O que vimos, portanto, não é apenas um líder vaiado; é um líder que rejeita a paz e, por consequência, prolonga a guerra.
A ONU se tornou um espelho. Refletiu a imagem do desespero de Gaza e a repulsa global a uma liderança que escolheu o caminho da destruição em massa em detrimento da diplomacia e do direito internacional. Este é o fardo que Netanyahu leva: ele não será lembrado como o líder que defendeu Israel, mas sim como aquele que, por meio de seus atos, converteu o direito à defesa em uma barbárie questionável.
As vaias são a certeza de que o mundo, finalmente, perdeu a paciência com a guerra sem fim. E o seu legado, senhor Netanyahu, está sendo escrito com o sangue inocente de Gaza.