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Fernández anuncia reforma ministerial na Argentina para abafar crise política


Fernández anuncia reforma ministerial na Argentina para abafar crise política

Depois de um dia dominado pela expectativa para a formação de um novo gabinete capaz de contornar a crise política na Casa Rosada, o presidente argentino, Alberto Fernández, anunciou só na noite de sexta (17), depois das 22h pelo horário local, uma reforma ministerial.
 

O objetivo maior das mudanças é acalmar os ânimos dentro da coalizão governista depois de a derrota nas primárias legislativas da última semana deflagrar um crescente atrito entre o mandatário e sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner, que comanda a ala mais à esquerda na aliança.
 

Ministros ligados a ela, na quarta (15), entregaram seus postos e, no dia seguinte, em uma carta aberta, a própria Cristina pediu um "relançamento do governo", dizendo ter sido ela a indicar Fernández como cabeça de chapa. Na noite de sexta, após um dia de reuniões com auxiliares e governadores aliados, o presidente cedeu e oficializou a troca de uma série de auxiliares.
 

A começar pelo chefe de gabinete, que será Juan Manzur, atual governador da província de Tucumán, indicado por Cristina na carta em que ela escreveu. Bastante próximo de Fernández, Santiago Cafiero, que ocupava o cargo e era um dos principais alvos de descontentamento da ala kirchnerista, foi deslocado para a pasta de Relações Exteriores --onde Felipe Solá estava desde o início do mandato.
 

Outras mudanças foram feitas na Segurança (Aníbal Fernández assume no lugar de Sabina Frederic), na Agricultura (Julián Domínguez ocupa a vaga de Luis Basterra) e na Educação (Jaime Perzyck será o titular em lugar de Nicolás Trotta, criticado pelo desempenho durante a pandemia).
 

Nenhuma dessas pastas era chefiada pelos ministros que pediram desligamento do governo na quarta-feira. Na prática, o presidente acatou a solicitação de apenas um demissionário, Roberto Salvarezza, na Ciência e Tecnologia; o novo titular será Daniel Filmus.
 

Com isso, Wado de Pedro (Interior; o primeiro que havia entregado o cargo), Martín Soria (Justiça), Juan Cabandié (Ambiente) e Tristán Bauer (Cultura) continuam.
 

A posse dos novos ministros será realizada na tarde de segunda (20). Fernández, em comunicado, agradeceu aos auxiliares que deixam o governo.
 

O presidente terá ainda um novo secretário de Comunicação e porta-voz. Juan Ross substituirá Juan Pablo Biondi, que, no meio da tarde de sexta, entregou um pedido de demissão de caráter irrevogável.
 

Próximo a Fernández, Biondi também foi um dos alvos de críticas de Cristina na carta --e em episódios anteriores de animosidade. "Não vou tolerar as ações de imprensa que, a partir do próprio entorno presidencial, por meio de seu porta-voz, são feitas contra mim e sobre nosso espaço político", escreveu a vice.
 

O auxiliar do presidente, por sua vez, deixou claro que as divergências com Cristina e a crise desta semana estavam por trás de sua decisão.
 

"Espero que meu distanciamento contribua para pacificar, em parte, esse momento difícil que vivemos", disse o secretário de Comunicação, no pedido de renúncia. "Me ofendem e me fazem lamentar as más interpretações que fez sobre mim a senhora vice-presidente, por considerá-la uma líder indiscutível. Sempre fui uma peça de harmonia, concórdia e tolerância em minhas funções."
 

As trocas vêm após dias de indefinição que geraram tensão na classe política do país, notadamente na coalizão governista Frente de Todos. Depois dos pedidos de demissão de ministros e da carta de Cristina, segundo informou a imprensa argentina, o presidente teria abandonado sua intenção de esperar até depois das eleições legislativas de 14 de novembro para fazer mudanças nos ministérios.
 

Ao site El Destape, na manhã de sexta, Fernández afirmou que as negociações estavam bastante avançadas. "Vou colocar ordem no gabinete e encerrar essa discussão", disse o líder argentino, acrescentando que as mudanças terão um "forte cunho peronista".
 

Um dia antes, ele havia escrito mensagem no Twitter pedindo moderação. "Temos de dar respostas honrando o compromisso assumido em dezembro de 2019 [quando assumiu a presidência]. Não é a hora de semear disputas que nos desviem desse caminho", disse. "A arrogância e a prepotência não me abalam. A gestão continuará da maneira que eu considerar conveniente. Para isso que eu fui eleito."
 

Fernández passa por um momento de forte desgaste, que vem se refletindo em sua popularidade. A insatisfação ficou escancarada nas primárias, quando a frente governista teve cerca de 30% dos votos, atrás da principal força de oposição, a coalizão de centro-direita Juntos, comandada pelo ex-presidente Mauricio Macri, que alcançou 40%.
 

A outros temas de ordem pessoal --em agosto, o presidente foi indiciado pela realização de uma festa de aniversário para a primeira-dama em um momento de quarentena rígida no país-- se somam críticas quanto à gestão da pandemia e da economia.
 

O país tem, hoje, 114 mil mortes e cerca de 40% da população totalmente imunizada, e a inflação está na casa de 50% ao ano. As divergências quanto a política econômica são outro dos pontos centrais da disputa na coalizão governista. O ministro da Economia, Martín Guzmán, aliado de Fernández, defende que o país faça ajustes fiscais para lidar com a dívida; Cristina e a ala kirchnerista dizem que a Argentina não tem recursos suficientes para pagar os US$ 44 bilhões que deve ao FMI.
 

Na carta desta quinta, a terceira com críticas ao presidente desde o começo do mandato, a vice disse: "Será impossível resolver os problemas deixados pelo macrismo, de baixos salários, alta inflação, endividamento com credores privados e a volta do FMI".
 

Nas ruas de Buenos Aires, a insatisfação de parte dos argentinos foi canalizada na quinta e traduzida em cartazes em que se lia "primeiro a pátria, depois o movimento, e depois os homens" ao lado de uma foto do emblemático líder argentino Juan Domingo Perón (1895-1974).
 

Na manhã desta sexta, Fernández participou por videoconferência de um encontro convocado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para discutir medidas mais ambiciosas contra as mudanças climáticas.
 

Nas redes sociais, o líder argentino agradeceu a Biden pelo convite e reafirmou o compromisso de seu país em alcançar a neutralidade nas emissões de carbono até 2050. Além disso, classificou de "insustentável" o endividamento com o FMI e condicionou a meta ambiental à eliminação de sobretaxas e à ampliação de prazos de pagamento nas negociações com a entidade.


Folhapress

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